segunda-feira, 10 de maio de 2010

Prisão

Essa prisão a que somos submetidos
aos desejos fúteis da carne,
a fome, a sede.
Eu estou encarnado.
Ao espírito sobra uma oração.

Imago Dei

Deitado em meio a grama do jardim,
esperando a chuva descer
começo a brotar, nascer de novo.
É sábado de aleluia. Relâmpagos e trovões anunciam a ressurreição.
Onde está este homem-Deus que não vem curar minha cegueira, minha nudez.
Me dispo das roupas carnais, me vejo um ser espiritual.
Vento soprando na erva seca morrendo.
É o sopro do Senhor na alma moribunda.
Dando um último alento neste ser feito sua imagem e semelhança.
No espelho é apenas um reflexo sem cor e vida.
Prefiro olhar um outro ser face a face, olho no olho. Aí sim me vejo colorido,
e minha semelhança no outro ser, é minha imagem real, com toda sua alegria e tristeza,
humano para humano, semi deuses, deuses na terra, semelhantes a Deus no céu, mas não igual.

Separação

Enxergo as mágoas, sem poder fazer nada.
Observo as perfídias humanas e não faço nada.
Do nada nascem. Arrancam o amor do coração
e para o nada voltam, deixando muita dor na relação.

Sodoma

Penso em ficar com várias mulheres,
sonho em beijá-las na boca,
no ventre amá-las
e na solidão acompanhá-las.
Caminhos por entre as gentes,
é como que sozinhos na marcha,
seguimos o mesmo batalhão
na morte desafortunada.

Orgulho

Esse sentimento de orgulho
os porcos também sentem
quando na miséria da lama
se esfrega até o rabo.
Dores da paixão antepassada
afloram na ligação descarada
lamentos de dores da alma
no corpo doente manifesto na escarra.

Classe social

Os animais são catalogados, selecionados em espécies. Os homens em casta, em raça.
Que raça é esta de homens cujo coração emperdenido, trabalham sobre os esqueletos limpos pelos abutres.

Loucura do amor

Por que este suplício na carne, na espera de um acontecimento.
Vá atrás, antecipe ao fato. Joga-se no precipício da loucura do amor,
e receba quebraduras de louvor.

Poemando

Não é a dor que me faz escrever, mas o prazer de não sentir mais dor.
A dor já emprestou seu vocabulário para as minhas imbricações poemais.
O poema é como um telhado, as palavras são as telhas.
Só tomam sentido quando uma sobrepostas à outra, nesta disposição,
dão razão à emoção e vida às pedras.

A fome

Eu tenho amor e ódio nesta vida e morte,
sonhos e realidades vivem e morrem, nestes caminhos que aparecem e somem.
As artérias saltadas na pele dos pés,
que não param de se mexer, enquanto os pés crucificados, em vão sangram seus segredos velados nas palavras do humano padre.
As curvas sinuosas que fazem a cintura com o quadril, caindo nas coxas as mãos que afagam o desejado corpo, paixões desvairadas.
A mesma moça talvez ném se lembre, observo seus quadris, sua postura na cadeira, seu olhar se desloca para mim, eu desvio meu olhar, volto, ela já não me olha mais. Volto a descobrir seu corpo com o meu olhar, fico imaginando como ela é nua, com seu corpo sobre o meu.
A fome volta como uma sensação de vácuo no estômago, depois de dois longos dias de tristeza e desolação.

domingo, 7 de março de 2010

Morte


A grande vilã da história
a morte abraça a vida
tortura dos filósofos
amargura dos poetas
ânsia dos profetas
desejos dos deprimidos
natureza inexorável
fim fatal da vida airada.

Sol e orgasmo


Eu coloco o sol na janela,
a tarde queima no quarto,
passo um creme protetor,
nesta pele que arde
por uma noite de amor.

A luz penetra nos poros,
fazendo um carinho na epiderme,
eu penetro na musa,
acariciando sua pele,
ambos carinhos terminam
num orgasmo sideral.

Fótons de energia ejaculados na vida,
por um sol que ilumina esta terra bendita,
sêmens de vida ejaculados com energia,
por um membro que acredita na beleza da criação.


Maringá
Cidade do cancioneiro, chuvas que brotam no asfalto,
que de manhã já colhem seus frutos,
no brilho do sol, a claridade das flores fazem crescer as esperanças nas suas ruas.
Gente em busca da prosperidade, encontram nos recônditos do caminho a felicidade.
Tese e Antítese
Tese e antítese se fundem na síntese do paradoxo da vida. Ném bem, ném mal, depende das circunstâncias. Ném falsidade, ném cinismo, mas individual sem máscaras, mas com o coração, ator teatral só no palco. Na vida expressões reais, representar às vezes.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Maré

A maré está subindo, hora da lua cheia. O mar esta vindo molhar a areia, um barco veleja no mar da galiléia. Nuvens se enchem de água a derramar nos montes e campinas verdejantes. No monte sagrado uma multidão sentada e em pé, a ouvir o homem de nazaré, sua lições e ensinamentos de mestre dos mestres.
Hoje eu vou para beira da praia, eu vou pescar com os galileus.

Pomba de Deus


Ventos e tempestades após a pregação sobre o Espírito de Cristo, a palavra de Deus é aberta. Chuva, trovoada e vento.
Na minha angústia invoquei o Senhor, e Ele me atendeu.
Do fundo do abismo pedi sua ajuda e ouviste a minha voz.
Jogaste-me nas profundezas no coração do mar, e a torrente me envolveu. Passaram sobre mim as tuas ondas e vagas. Então pensei: " Eu fui expulso para longe dos teus olhos, nunca mais poderei admirar a beleza do teu santo templo?".
Eu estava cercado de água até o pescoço, o abismo me rodeava, um lôdo se agarrava à minha cabeça.
Desci até as raízes das montanhas, a terra se fechava sobre mim para sempre. Mas tu retiraste da fossa a minha vida, Senhor, meu Deus.
Quando minhas forças se acabavam, eu me lembrei de Ti Senhor.
E a minha oração pôde chegar a Ti, no Teu santo Templo. Quem segue os ídolos, abandona o amor de Jesus. Mas eu, entre cânticos de louvor, é a Ti que presto o meu culto e com ação de graças cumpro meus votos.
A salvação pertence ao Senhor Deus Pai.

Lua dourada


No fundo o breu da noite.
Suspenso no espaço uma lua dourada,
que mostra um grande guerreiro e seu cavalo incrustado em sua face.
Uma nuvem em forma de dragão se aproxima para ofuscar seu brilho, mas São Jorge guerreiro com sua espada flamejante torna o céu enluarado.

Sorte

Eu já não sonho. Já me adaptei a realidade, a crueldade.
Esperança, cansei de esperar. Vou sair pela rua escura da vida e trombar com as gentes que também estão se aprisionando na própria sorte.

Caminhos


Diante de mim, sempre desponta dois caminhos. Mesmo que não escolha um, inexoravelmente recaio sobre um deles.
Às vezes levado pelas circunstâncias da vida, outra conduzido por uma pomba.